“Eu sou feliz aqui”. Estas quatro palavras foram, durante anos, repetidas em júbilo por centenas de utentes da Colónia de Férias da Torreira (CFT). “Eu sou feliz aqui”. A mesma frase, simples, mas impulsionada por milhares de memórias, surge agora em forma de apelo. Muito sentido. Algo desesperado.“Eu sou feliz aqui”. Um grito que encontra eco na voz de todos os que descobriram um refúgio mágico naquelas instalações que desde 1978 acolhem quem mais precisa. Um local que surgiu como uma “Terra do Nunca” para meninos (outrora) perdidos que encontram ali um sítio onde crescer significa apenas viver mais um dia de alegria. Um sítio onde sorrisos mágicos soam a sininhos. Mas que uma afamada crise traz - de gancho em riste - a ameaça do encerramento. O tic-tac aproxima-se. Aterroriza. E ameaça, a partir de Dezembro, cortar a felicidade de quem, ali, voa. Mergulhado em pensamentos felizes. De quem apenas quer repetir: “Eu sou feliz aqui”.
O anúncio chegou, repentino, a meio de Agosto. O Instituto da Segurança Social informava que, no final do ano, terminavam os programas de férias para crianças, jovens e seniores na CFT. Após momentos de perplexidade, a vontade de agir invadiu o espírito de quem vive ou já viveu a realidade do que acontece quando são transpostas as portas da CFT. Criaram-se movimentos. Fizeram-se apelos. “CFT não pode fechar!”. A mensagem é simples. A batalha pela frente não o é tanto. Mas desistir é verbo sem significado no “Mundo Magico” que é a CFT.